terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Adoro uma frase feita!

Adoro clichês, frases prontas, usadas, surradas. Lugares comuns...Simplesmente adoro! Quando escrevo não penso neles, mas também não tento fugir de seu uso! Eu acho que elas dizem tudo, não há como dizer algumas coisas de outra forma sem parecer espetacularmente chato! Você não acha?

As frases prontas se incorporam em nossa fala, grudam, ficam martelando em nossas mentes...Impossível não soltar uma, de quando em quando. Até porque fazem parte da cultura popular! Como viver sem dizer que "pagamos um mico"? Ou "que quem tem boca vai a Roma"? Quem sabe exercitar a lingua materna e pede informações vai aonde quiser? E "o pior cego é aquele que não quer ver"? Você está negando-se a verdade? Ah, ninguém merece! Há textos e textos. Nas comunicações formais, profissionais, talvez seja de bom tom evitar as gírias e clichês. Nas poesias também. E só! Como não dizer "ir direto ao ponto", "sem delongas" e Fulano "saiu do armário"?

Alguns dirão que o clichê torna o texto ou a fala vazios de sentido. Eu digo que os enriquece, os enche de expressividade. É aquela história: se rico usa, é porque tem cultura; se pobre usa, é porque não tem recursos linguísticos! O problema não é o uso e sim o abuso de frases prontas, do tipo: "nosso país está assim por causa da exploração do povo desvalido pela burguesia", "é o capitalismo enchendo os bolsos do empresário enquanto o povo não tem o que comer".

Essas são ladainhas que cansam, poluem o ambiente, fazem doer os ouvidos. Outras, dão colorido ao que é dito. Ninguém escapa! Ontem vi uma pessoa na televisão dizendo que odeia frases prontas, inclusive "um beijo no coração". Não sei quem era o homem, mas posso dizer que devia ser um mal amado, que critica o que os outros falam e fazem. Pessoa amarga, provavelmente. Achei sua fala de uma agressividade sem tamanho! Porque não usar essa expressão? Deve  haver milhares de outras maneiras de nos despedirmos das pessoas, mas, porque não? Há uma pressão pela criatividade hoje em dia. Se eu não disser uma coisa louca ou diferente a cada momento, estou ultrapassada, não sirvo mais, sou "menos dotada" intelectualmente. E onde fica a espontaneidade? Onde fica aquilo que sou eu, que me representa genuinamente, aquilo que quero dizer porque me faz bem?
A lista abaixo retirei do Site Usina das Letras. São chavões que usamos muito. Vai dizer que você não se identifca com algum?


A cada dia que passa, a duras penas, a olho nu, a olhos vistos, a ordem é se divertir, à saciedade, a sete chaves, a todo vapor, a toque de caixa, abertura da contagem, abrir com chave de ouro, acertar os ponteiros, agarrar-se à certeza de, agradar a gregos e troianos, alto e bom som, alimentar a esperança, antes de mais nada, ao apagar das luzes, aparar as arestas, apertar os cintos, arregaçar as mangas, ataque fulminante, atear fogo às vestes, atingir em cheio, atirar farpas.

Baixar a guarda, barril de pólvora, bater em retirada.

Cair como uma bomba, cair como uma luva, caixinha de surpresa, caloroso abraço, campanha orquestrada, cantar vitória, cardápio da reunião, carta branca, chover no molhado, chumbo grosso, colocar um ponto final, comédia de erros, como manda a tradição, como se sabe, como já é conhecido, como todos sabem, comprar briga, conjugar esforços, corações e mentes, coroar-se de êxito, correr por fora, cortina de fumaça.

Defenestração, de quebra, de mão beijada, deitar raízes, deixar a desejar, debelar as chamas, depois de longo e tenebroso inverno, desbaratar a quadrilha, detonar um processo, do Oiapoque ao Chuí, dispensa apresentação, divisor de águas.

Erro gigante, em função de, efeito dominó, em compasso de espera, em polvorosa, em ponto de bala, em sã consciência, em última análise, eminência parda, empanar o brilho, encostar contra a parede, esgoto a céu aberto, estar no páreo.

Faca de dois gumes, familiares inconsoláveis, fazer as pazes com a vitória, fazer das tripas coração, fazer uma colocação, fazer vistas grossas, fez por merecer, fonte inesgotável, fugir da raia.

Gerar polêmica.

Hora da verdade.

Importância vital, inflação galopante, inserido no contexto, insustentável leveza do ser.

Jogo de vida ou morte.

Lavar a alma, leque de opções, levar à barra dos tribunais, líder carismático, literalmente tomado, lugar ao sol, luz no fim do túnel.

Menina-dos-olhos, morto prematuramente.

Na ordem do dia, no fundo do poço.

Óbvio ululante, ovelha negra, obscuro objeto do desejo.

Página virada, parece que foi ontem, passar em brancas nuvens, pelo andar da carruagem, perder o bonde da história, perder um ponto precioso, perdidamente apaixonado, perfeita sintonia, petição de miséria, poder de fogo, pôr a casa em ordem, prendas domésticas, preencher uma lacuna, procurar chifre em cabeça de cavalo, propriamente dito, quebrar o protocolo.

Requinte de crueldade, respirar aliviado, reta final, rota de colisão, ruído ensurdecedor.

Sair de mãos abanando, sagrar-se campeão, saraivada de golpes, sentir na pele, separar o joio do trigo, sério candidato, ser o azarão, sorriso amarelo.

Tecer comentários, ter boas razões para, tirar do bolso do colete, tirar o cavalo da chuva, tiro de misericórdia, trair-se pela emoção, trazer à tona, trocar farpas.

Via de regra, via de fato, voltar à estaca zero.


E, um beijo bem dado no coração de todo mundo!











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