terça-feira, 3 de novembro de 2009

Outro atleta excepcional usando dopping. Porque não me surpreendo?

Quando ouço falar de um atleta excepcional, daqueles que batem todos os recordes, ganham mil campeonatos, minhas orelhas ficam de pé...Mas estou falando daquele atleta realmente diferenciado, não apenas bom no que faz. Já fico esperando que caiam no exame anti-doping. Foi o que ocorreu com Maradona, anos atrás. Agora ficamos sabendo de Andre Agassi, tenista ganhador de 8 Grand Slam. O moço, considerado por muitos o melhor tenista de todos os tempos, confessou em sua biografia que usou uma droga chamada popularmente de "cristal". Quando descoberto, mentiu para a ATP que havia ingerido acidentalmente a droga, que estava no refrigerante de um amigo. A coisa toda ocorreu em 1997 e Agassi parou de jogar em 2006.

Como entendo tudo isso? Entendo que há, atualmente, uma tentativa de fazer dos homens, super-heróis, seres míticos, indestrutíveis, inabaláveis, Deuses terrenos. No mundo de carências em que vivemos, de crises constantes, de batalha por emprego, por segurança, pelo direito a saúde, acabamos nos refugiando no mundo da fantasia para das descanso ao corpo e a mente. Enquanto imaginamos que realmente é possível alguém bater todos os recordes humanos, não pensamos em todas as dificuldades de nossos dias. Nós, espectadores carentes, ajudamos a criar esses mitos-desvios do esporte.

Quando aparece algum atleta de comprovado talento, como Daiane dos Santos por exemplo, o país volta seus olhares para a moça, depositando nela a expectativa de que vença em seus feitos, que vença pelo povo, que vença para vingar a todos que passam toda uma sorte de dificuldades. Mas se a menina não vence? Sempre há a esperança que vença no próximo campeonato...O atleta sente a cobrança e se cobra cada vez mais. Ou vence, ou vence! Aqueles que se salvam de um caminho funesto são os atletas bem formados, que provêm de famílias amorosas, cuidadoras, como Daiane.

Alguns casos de dopping, obviamente sabemos, que ocorrem com atletas com perturbações importantes, com desvios de conduta perceptíveis. Maradona é um e ninguém consegue negar. Hoje, sua genialidade para o futebol já está sendo questionada. Se usava drogas, como saber o que lhe era próprio ou o que era efeito das substâncias ilegais que utilizava? Pelé, ao contrário, era um gênio do futebol, um artista, e fez tudo de cara limpa, até que provem o contrário! Talvez Agassi fosse um deles, não sei...Só digo para vocês que não me surpreendo.

Penso também que o fato dessa meninada ganhar muito dinheiro, de forma tão rápida, seja motivo de muita angústia e fonte inesgotável de dores de cabeça, de noites em claro...Esses atletas sabem que terão um tempo de vida curto no esporte, tempo que acabará na medida em que seus corpos demonstrem todo o cansaço por horas e horas de treino pesado. Então vem a tentativa de prolongar esse tempo, de evitar o declínio...Além disso, estar na mídia vicia! Quem aparece uma vez, por seus feitos, quer mais e mais, que o diga aquele casal americano que escondeu o filho e simulou que teria sido levado por um balão!

Há, como podemos perceber, uma infinidade de justificativas para essa má-conduta de alguns atletas e talvez várias delas concorram para dar impulso ao uso de dopping. Só sei que não me surpreendo...

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Juiz de futebol trapalhão
LeBron, Lebron, Leblon

1 comentários:

Anônimo disse...

Claudinha,
Penso que, para além da nossa necessidade de génios, como disseste e muito bem, para termos os nossos momentos de abstracção da realidade, há toda uma máquina publicitária, onde os dinheiro rola aos trambolhões. Essa máquina precisa estar sempre afinada, para as 'entradas' serem sempre maiores e as exigências feitas aos atletas são sempre maiores. Simplesmente eles têm que ganhar para não perderem patrocínios.
Beijos
Luísa

PS: Finalmente descobri o 'gatinho'!! Amiga, perceberes que eu não vejo um elefante cor-de-rosa às riscas amarelas em frente à minha cara, por favor avisa-me. Não é por mal. É por distracção, mesmo!