sábado, 3 de outubro de 2009

O que se faz em uma hora como essa?



Meu filho tem 9 anos. Sofreu bullying na escola  por dois anos, sem me contar, porque "eles diziam que eu era filhinho da mamãe. Eu ficava com vergonha!". Lidei dois anos com o problema sem saber que era bullying. Via que meu filho sofria e não conseguia saber o motivo, até que finalmente a história se esclareceu. Nesses dois anos visitei muitas vezes a psicóloga, orientadora pedagógica e o escambau da escola. Quando foi descoberta a violência, imediatamento levamos ao conhecimento da direção da escola, eu e os pais das crianças que também passavam pelo mesmo problema.A direção da escola prometeu providências imediatas e realmente as tomou. O bullying se extinguiu. No final do ano passado meu filho começou a levantar a cabeça e a se sentir gente de novo.
Ano letivo recomeçando, em 2009, havia uma esperança na cabecinha de meu filho de que tudo seria diferente, para melhor. Ele não confessava essa esperança, mas ela era visível. No decorrer do ano formou uma turma de amigos, novos e bons amigos. Mas algo permaneceu como antes...
Gui é criança pacata, incapaz de uma violência. Se agredido, não consegue revidar. Hoje, ocasionalmente quando acontece algum episódio que lhe exige uma resposta física, ele se retrai. Não, ele não apanha mais, mas eventualmente alguém de mal com a vida o importuna. Ontem foi um dia desses. O menino pisou em seus dedos e disse que era de propósito. O mesmo menino fez um outro colega chorar (não sei detalhes do ocorrido). Esse menino é criança praticamente criada pela avó, sempre presente na escola. Os pais, nunca vi. Sei que largaram o menino aos cuidados dessa senhora e pouco se importam com ele.
Fiz o meu papel de mãe e falei com a professora para que tomasse pé do ocorrido. Soube mais tarde que meu filho e o "agressor" foram chamados para esclarecer o ocorrido. O menino disse que não lembrava!
Digo para vocês: o que se faz em uma ocasião como essa? O menino é conhecido como o "aprontão" da escola. Diz para professora que não se lembra do fato. É seu jeito de se proteger. Errado, mas é o recurso que ele tem. Como exigir dele maturidade no auge dos seus 9 anos? O que fazer se ele não tem recursos emocionais para agir de outra forma? Lembrem-se que ele não tem o olhar de seus pais...
Pergunto de novo: o que fazer? Meu filho saiu da escola arrasado novamente, porque não se sentiu protegido pela professora. Mais arrasado ainda porque tem vontade de dar um soco na cara do guri, mas não consegue. Se diz fraco. Eu lhe mostrei que fraco não é e que há outras formas de se reagir sem bater no outro. Usando a inteligência, por exemplo. Demonstrei como ele deveria falar com a professora e com o menino. Mas eu não posso exigir dele, com 9 anos de idade, depois do histórico de sofrimentos, que aja com a inteligência! Ele quer mais é perder a cabeça...
Eu vou entender se um dia Gui revidar as agressões, e confesso para vocês que vou achar até muito saudável! Por enquanto o que ele consegue me dizer é que a professora não faz nada para ajudar...O que se faz em uma hora como essa?

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