segunda-feira, 17 de agosto de 2009

44 anos

Dia 18 de agosto...Amanhã seria dia do aniversário dele. Faria 44 anos, se não estivesse morto há 17. Morreu no auge da juventude, recém-casado, cheio de planos. O furo da bala ficou no meu coração .
Horas antes do enterro estive em casa por umas horas. O silêncio oprimia. Era quente, abafado. Tapei os ouvidos para não ouvir o nada. Como pesa o nada, o vazio! Como fazer parar o som da morte?
Muito chorei, eu, meu pai e minha mãe, mas também todos os muitos e grandes amigos que tinha. Todos estavam na despedida. Muitos, inclusive, acompanharam todo o andamento do inquérito policial, o depoimento dos matadores, o desenrolar dos fatos.
Até hoje, tremo quando conto a história. E muitas vezes conto a história, porque faço questão de não esquecer. É história triste, que dói no peito, mas por algum motivo é preciso falar. É preciso gritar para que ninguém esqueça: porque precisamos viver na inssegurança? Porque meu irmão teve que virar estatística?
O que seria dele hoje? Teria três filhos como eu? Quem sabe seis...Teria largado a religiosidade excessiva? Quem sabe faria uma grande viagem à Moldávia, a Rússia, ao Japão...

Certamente iria até o Japão ver seu time se tornar campeão do mundo! Ele não viu isso. Também não viu os sobrinhos nascer, não beijou seus dedinhos dos pés. Eu beijaria os dedinhos dos pés de seus filhos, caso os tivesse. Ele não compartilhou mais festas comigo, nem brigas, nem nada.

Hoje é uma estrela no céu. Talvez esteja jogando futebol com bolas de nuvens, trocando idéias com o Zeide, aproveitando o colo de Deus...

Feliz aniversário, meu irmão!

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